A LuCiDeZ dA LoUCuRa

Olho as fotos espalhadas pela cama. Procuro por uma, não sei bem qual. Não consigo parar de lembrar a noite passada. Pergunto a mim mesmo se estarás a pensar em mim, tanto quanto eu em ti. Pergunto-me se este sentimento atravessará o teu peito como atravessa o meu. E a foto que não aparece...
Pego no telefone, quero ligar-te, mas não consigo. Tenho medo! Estarei a ser tonto por pensar que podes sentir o mesmo que eu? Tenho receio de um "Não", de um "Até nunca mais"... Como precisava de sentir-te aqui, comigo, como na noite passada, em que tu e eu éramos um só. Bebo mais um copo, volto a pegar no telefone e... volta a faltar-me a coragem! Nesta confusão, continuo sem saber da foto que procuro impacientemente.
Não consigo parar de olhar o telefone. Venho à janela, olho o céu e pergunto-me se estarás a olhar as mesmas estrelas que eu. Pergunto-me se estarás a sentir a minha falta, como eu sinto a tua. Será possível amar sem saber o que é o amor? Não sei! Sei que preciso de ti, como jamais precisei de alguém. Preciso da tua mão na minha, dos teus lábios colados aos meus, de explorar cada recanto teu. E a foto que não aparece...
Olho constantemente a porta, à espera que a atravesses e te dirijas a mim, com esse sorriso que me domina, que me entorpece, que me deixa viciado. Cada música me lembra de ti, cada palavra te descreve na minha mente, cada odor me cheira a ti. Estou louco e não sei! Mas... Como posso estar louco com tanta lucidez? A verdade é que me acontece repetidamente, qual ciclo vicioso, desde que te toquei pela primeira vez.
Remexo tudo de novo e nada! Não sei como é possível não saber. Ainda ontem a beijei e adormeci agarrado a ela, como uma alma penada à procura de alimento. Essa foto que não aparece...
Recordo tudo outra vez. Cada instante se desenrola na minha cabeça como num filme. Tudo aquilo que me fizeste a noite passada se repete continuamente de forma louca e descontrolada. Já não posso esperar, já não posso mais ficar aqui a beber, a procurar, a lembrar, a desejar... Saio à rua e, como por magia, vejo-te chegar. É a mesma imagem de ontem! Afinal sempre existia... A minha foto apareceu!